Jogos: Metroid Prime 4: Beyond – Análise
Após uma saga de desenvolvimento de sete anos, Metroid Prime 4: Beyond está finalmente entre nós. Valeu a pena a espera angustiante? A resposta é um grande sim.
Jogo: Metroid Prime 4: Beyond
Disponível para: Nintendo Switch , Nintendo Switch 2
Versão testada: Nintendo Switch 2
Desenvolvedora: Retro Studios
Editora: Nintendo
Quando Metroid Prime 4 foi anunciado em 2017, a maioria de nós esperava um ciclo de desenvolvimento normal, um par de trailers e um lançamento atempado. Em vez disso, tivemos reinícios, silêncio total e uma antecipação em lume brando, que mereceu toda a sua espera. Aliás, a primeira vez que experimentei o jogo (na Lisboa Games Week) vieram-me as lágrimas aos olhos.
Beyond funciona, de forma inteligente, como um novo começo. Deixa para trás a icónica saga do Phazon para lançar Samus no misterioso planeta Viewros, um mundo de beleza austera e solitária. Irá percorrer as florestas impressionantes de Fury Green, dominadas por árvores sagradas, explorar o vasto deserto de Sol Valley, enfrentar a aterradora trovoada perpétua da fábrica Volt Forge e desvendar segredos num laboratório congelado no Ice Belt. É um mundo que implora para ser examinado, analisado e absorvido.
A presença da Federação representa uma mudança significativa. Samus já não é uma exploradora isolada; tem agora uma equipa. Myles McKenzie, a “voz no ouvido”, mantém a conversa ativa com dicas tácticas e sugestões de missão. Na maioria das vezes, a sua orientação surge no momento certo. Noutras, sobretudo durante a exploração livre, o ritmo das pistas pode quebrar o fluxo. Felizmente, Nora Armstrong e os restantes soldados aparecem com menor frequência. Em raras ocasiões, juntam-se ao combate, o que parece ótimo até perceber que a morte deles resulta num Game Over. É ousado, mas por vezes frustrante.
Onde Beyond realmente inova é no conjunto de capacidades psíquicas de Samus. Manipular partículas de energia, controlar remotamente o Control Beam e deslizar nos trilhos do Psychic Boost conferem ao jogo uma identidade mecânica distinta. Estes sistemas elevam os quebra-cabeças e a locomoção, e integram-se naturalmente no design dos chefes. É como se a Retro tivesse finalmente encontrado uma mecânica central nova que respeita a filosofia original de Prime sem a copiar.
Falando em locomoção, a mota Vi-O-La merece um parágrafo próprio. Este é o tipo de instrumento que torna um hub interessante em vez de enfadonho. Tem uma condução precisa, derrapa com estilo e oferece melhorias relevantes, tanto na mobilidade como no ataque. Sol Valley é enorme, mas a mota transforma-a num palco dinâmico em vez de um deserto vazio.
O combate recebe uma revisão que apreciei bastante. O Power Beam continua a ser o pilar fundamental, mas os beams elementais passam a utilizar uma economia de munição partilhada chamada Shots. Isto altera o ritmo: os jogadores têm de pensar em termos de gestão de recursos em vez de alternância pura. Na Switch 2, o modo opcional Mouse Mode, que implica virar o Joy-Con 2 de lado para maior precisão, sente-se surpreendentemente natural e oferece um grau de controlo quase profissional, semelhante a um shooter de PC.
O design do mundo mistura corredores clássicos de Metroidvania com uma estrutura semi-sandbox. Os Santuários interrompem a exploração com desafios autónomos que evocam Breath of the Wild, e os locais de destroços espalham puzzles e micro-recompensas por Viewros. O formato híbrido funciona, na maioria das vezes. As “paredes de recolha” no final do jogo, que requerem quantidades específicas de Green Crystal Energy para avançar, podem travar o ímpeto. Pior ainda, depois de derrotar o chefe final, regressar para apanhar itens em falta torna-se impossível, a menos que tenha uma gravação de segurança manual ou esteja disposto a iniciar o Hard Mode. Os completionists terão de suportar o incómodo ou recarregar ficheiros antigos.
A campanha principal de Beyond dura cerca de dez horas, mas a conclusão total pode estender-se até às vinte. Para esta estrutura, é a duração adequada. É conciso sem ser superficial e denso sem ser excessivo.
A Retro Studios entrega aquilo que muitos temiam ser impossível: um quarto jogo Prime que honra o legado enquanto avança com uma identidade própria. As pistas demasiado frequentes, os problemas de estrutura de gravação e os Game Overs relacionados com a equipa criam atrito, mas nada suficientemente forte para ensombrar o feito alcançado.
Resta concluir que, Metroid Prime 4: Beyond é uma experiência de exploração de ficção científica extremamente sólida, confiante, bem concebida e absolutamente digna da espera de quase uma década.
Nota: 9/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.






