Entrevista a Zachary Quinto sobre “NOS4A2”
Zachary Quinto esteve em Lisboa para nos falar da nova série sobrenatural NOS4A2 do canal AMC.
Mais info sobre NOS4A2 aqui.
O que é que ‘NOS4A2’ vem oferecer ao público?
Acho que é uma história original e assustadora, meio divertida, em que exploramos personagens únicas e complicadas. É um projeto muito entusiasmante.
O que o fez aceitar este papel?
Eu sempre gostei muito do Jami O’Brien e do seu espírito de trabalho. Gosto quando tenho a oportunidade de me transformar num papel, reencarnar algo e desaparecer na fisicalidade do mesmo em que sentimos uma grande evolução psicológico e física.
Como descreveria Charlie Manx (a sua personagem)?
No final de contas, ele é na verdade uma alma ferida. Ele foi abandonado em criança e isso nunca se resolveu, nem ultrapassou pessoalmente. Então evoluiu nesta crença em que pensa que está na verdade a salvar estas crianças dos seus pais negligentes. Mas na realidade só se está a ajudar a si mesmo. É uma personagem bastante desesperada que fará tudo o que puder para alimentar os seus desejos.
Joe Hill, o escritor de NOS4A2, esteve no set durante a rodagem. Como é estar na presença do escritor enquanto reencarnamos alguma da sua mente?
Bem, ele não estava bem no set. Ele é o produtor executivo e está obviamente muito envolvido pois são as suas personagens. Contudo, ele não esteve envolvido no dia a dia. Confiou bastante no Jami O’Brien (produtor) com o qual teve várias reuniões antes do início da rodagem para que a sua visão fosse a ideal. Eu só o vi no set provavelmente duas vezes, mas foi sempre bom quando o podemos ver e também divertido observar o seu prazer em ver algo da sua mente tornar-se real.
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Onde é que se inspira para entrar numa personagem tão maligna?
Primeiro, foi o livro. Joe Hill é bastante talentoso, com uma mente complexa que criou este mundo misterioso. Não precisei de procurar muito mais para além de me conectar à personagem através das palavras de Joe. Eu gosto de personagens interessantes. Serem boa ou malignas é algo irrelevante para mim. Já interpretei personagens muito diferentes. Para mim, Charlie é o terceiro vilão que já interpretei e foram todos sempre muito interessantes.
Como é interpretar uma personagem tão assustadora ao pé de atores tão novos?
Tenho de realçar que as crianças eram grandes profissionais, todas muito talentosas e fiquei muito impressionado com isto. Além disso, tenho um grande respeito pelo modo como os produtores tomaram conta das crianças. Fizemos com que eles percebessem a diferença entre realidade e imaginação e eu conheci-os como eu mesmo e na área de maquilhagem para verem o processo. Estavam todos muitos fascinados, mas quando se cresce com cinema tu aprendes o que é ou não real. A série fez um trabalho excelente a proteger as crianças psicologicamente.
Quando está na fase envelhecida de Charlie é a sua voz?
Sim é a minha voz. Ao estudar na escola de Teatro aprendi a trabalhar a minha voz por isso não houve consequência drásticas. Foi divertido fazer uma voz ritmada e assustadora. Cada fase da personagem tinha alterações na voz então tive de definir bem cada fase de modo a não confundir o espetador.
Demorou muito tempo para encontrar o tom perfeito?
Primeiro tive de descobrir a fisicalidade de Charlie Manx e depois qual a voz perfeita para combinar com isso. Eu tive meses para preparar a personagem desde que aceitei o papel e comecei a rodagem, mas ao conhecer a personagem defini logo qual a voz ideal.
Quanto tempo passou na maquilhagem?
Depende da fase de vida da personagem. A mais velha (que se pode ver no poster) demorou 4 horas e a mais nova somente 45 minutos. Não foi sempre confortável, mas foi sempre gratificante. Em retrospetiva, tive a oportunidade de entrar nesta viagem mágica de Joe Hill e adorei esta experiência de viver a personagem.
Que aspetos do livro foram adaptados à série? Foi deixado algo essencial de fora?
A primeira temporada da série é 1/3 do livro, portanto a adaptação é bastante fidedigna e ainda temos muito por onde ir e mostrar. Essa foi uma das decisões de modo à série aguentar durante várias temporadas sem se afastar da sua base original.
Como trabalhar com o resto do elenco? Ainda há um longo percurso até a sua personagem conhecer as outras, certo?
Eu passei a maioria do meu tempo com o Ólafur Darri Ólafsson, que interpreta Bing Partridge. Ele é uma pessoa espetacular, excelente ator, com um espírito generoso e muito com de acompanhar. Foi muito bom, pois passámos a maioria do tempo naquele carro. Foi muito bom conhecê-lo, ele vive na Islândia onde há muitas produções. Com o resto do elenco também foi muito bom, a Ashleigh Cummings que é muito talentosa e é uma atriz a quem devemos prestar atenção no futuro.
Acha que a série tem algo diferente para oferecer ao género de Horror?
Sim, isto junta dois lados do género. Por um lado, temos a personagem da Ashleigh em que acompanhamos um drama familiar e do outro o sombrio Charlie Manx. São dois géneros que se preenchem bastante bem nesta série e de uma forma única.
A qualquer momento, estas duas personagens vão colidir. Quando poderemos ver isso?
Estas duas histórias decorrem em paralelo e vão eventualmente colidir. A primeira metade da temporada é sobre estas viagens individuais que começam a aperceber-se um do outro. A segunda metade já é quando se conhecem e as consequências desse encontro. Não é exatamente metade metade mas irá haver uma grande colisão.
Ainda só vi o primeiro episódio, mas pelo que li no argumento existe uma grande atenção aos pormenores. Um desenvolvimento inicial do cenário, personagens e dinâmicas para a audiência compreender o que se irá suceder. À medida que a série avança, o terror também aumenta.
Quais são as maiores diferenças que vê entre TV e Cinema?
É muito diferente de há uns anos atrás. Existem muitos canais agora onde digerir conteúdo e a ideia de fazer binge-watching não existia da forma como antes. Dizem que é a Golden Age da Televisão, o que eu concordo em parte. Os desafios de manter uma audiência são dificílimos e é contra isso que lutamos. Eu adoro fazer parte deste mundo. Desde que a história seja boa, fico contente por fazer histórias seja em Cinema ou TV.
Nas séries, é comum os realizadores mudarem de episódio para episódio. Existiram muitas diferenças criativas neste caso?
Em televisão é diferente. Os produtores é que são a voz principal então o Jami O’Brien é que foi o boss. No total a primeira temporada teve 6 realizadores em 10 episódios. Eles vêm, dirigem os seus episódios e fazem o seu trabalho. Toda a gente tem energia diferente e as experiências são sempre diferentes.
Por vezes temos maior intimidade com um do que com outro. É aqui que Jami chega e conclui as decisões principais. Além disto, os atores e produtores conhecem melhor a personagem do que os realizadores que vêm somente fazer um episódio então torna-se um trabalho de comunicação e o que sentimos ser mais importante para a série e personagem.
Planeia dirigir algum filme/série no futuro?
Adoraria dirigir. Ainda não tenho nada planeado, mas se encontrar a história ideal e conseguir conectar-me com o projeto perfeito gostaria de fazê-lo. Estou numa fase da minha carreira em que gostaria de fazer parte de novas experiências para além da representação e produção. Seria interessante trabalhar como realizador.
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Sempre à espera de mais recomendações com esperança que a sua watchlist nunca acabe.
Operador de Câmara & AC Profissional.