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Cinema: Crítica – Silvio e os Outros (2018)

A vida pessoal de Silvio Berlusconi chega aos cinemas num regime erótico e político que oscila entre a sátira e realidade do primeiro ministro. Silvio e os Outros estreou a 6 de dezembro nos cinemas.

Silvio e os Outros Toni-Servillo_Kasia-Smutniak_Giovanni-Esposito

Silvio e os Outros, realizado por Paolo Sorrentino, aborda a relação de Silvio Berlusconi (Toni Servillo) com a sociedade à sua volta e a sua ambição e charme natural para manipular e convencer os vários partidos a reunirem-se a seu favor de modo a tornar-se no primeiro ministro de Itália.

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No entanto, não se limita a esta premissa, transformando-se num filme altamente erótico e sensual pelo modo como apresenta as várias figuras femininas e as posiciona num nível vulnerável e desagradável. O filme inicia-se com uma clara metáfora ao consumismo, uma ovelha, que mais tarde descobrimos pertencer a Silvio, morre enquanto visualiza televisão e um ar condicionado como representação da camada de ozono. De seguida, conhecemos Sergio (Riccardo Scamarcio) e a sua mulher que ambicionam mudar-se para Roma e conhecer o grande Berlusconi. Para que isto seja possível, contrata várias jovens sensuais para uma festa de luxo ao lado da casa do futuro governador.

Silvio e os Outros Riccardo-Scamarcio

Contudo, esta transição está editada de um modo bizarro e faz-nos presumir que Sergio e Silvio são a mesma pessoa devido ao longo período que demoram para se conhecer e o modo surrealista como Silvio observa estas festas. Eventualmente, descobrimos através do seu romance a decair com a sua esposa, Veronica (Elena Sofia Ricci), que são de facto figuras distintas e que o protagonista possui constantemente o desejo de se relacionar com outras mulheres. As festas eróticas são constantes ao longo do filme e a forma como são captadas tornam-no tecnicamente distinto do habitual. Filmadas em plano-sequência, as festas são demonstradas em câmara lenta para realçar a sua longa duração e o uso de drogas, ao som de músicas sensuais e um destaque constante do corpo feminino das várias atrizes, focando-se principalmente no de Stella (Alice Pagani), uma jovem com ambição teatral e valores distintos das restantes mulheres integradas nestas festas.

Silvio e os Outros Elena-Sofia-Ricci

Apesar destas cenas serem as mais visualmente interessantes de todo o filme e proporcionarem fotografias belíssimas dos cenários de luxo, acabam-se por repetir várias vezes, chegando ao ponto de criar a sensação de “Lá vem mais uma cena lenta”. Em contraste, existem também cenas rápidas que combinam com o toque humorístico, no entanto, nem sempre funcionam com as várias sub-histórias a serem desenvolvidas, criando momentos embaraçosos, já para não mencionar os zooms anormais, prolongados e desnecessários.

Por fim, o filme acaba por possuir três histórias, nomeadamente o romance de Silvio, o do ambicioso Sergio e a de Itália como personagem, sendo capaz de demonstrar eficientemente a vida pessoal de luxo e melancólica do Primeiro Ministro, mas sem qualquer avanço das restantes. Stella acaba por ser possivelmente a figura com a personalidade mais cativante do filme, finalizando sem o merecido desenvolvimento.

Silvio e os Outros aborda os vários tópicos mencionados e torna-se numa desordem com momentos marcantes complementados por cenas desapontantes ou até mesmo desprezíveis.

5/10

Tiago Ferreira

  • Silvio e os Outros estreou a 6 dezembro 2018 nos cinemas.

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