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Cinema: Crítica – Na Sombra da Lei (2019)

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Vivemos numa era cinematográfica onde a reciclagem de filmes é uma constante, onde os remakes e os reboots esperam trazer um novo público para conhecerem as personagens do passado, num novo ponto de vista. Do outro lado do espectro está o cinema independente, um cinema que de vez em quando nos brinda com histórias originais o suficiente para tolerarmos os grandes blockbusters durante o resto do ano. Entra a Cinestate, liderado por Dallas Sonnier e responsável por iniciar uma onda de filmes de culto modernos, como A Desaparecida, o Aleijado e os Trogloditas e Rixa no Bloco 99, onde S. Craig Zahler traz para uma nova audiência uma espécie de cinema onde as técnicas do passado são utilizadas para contar histórias do presente.

Na Sombra da Lei conta a história de dois polícias, Brett Ridgeman (Mel Gibson) e Anthony Lurasetti (Vince Vaughn), que tendem dobrar as regras para o bem maior. Quando são apanhados a ultrapassar a linha, são suspensos sem vencimento e têm a brilhante ideia de assaltar um criminoso que certamente não irá reportar a repentina falta de dinheiro.

É de franzir o sobreolho o casting de Mel Gibson, considerando as suas controvérsias de anti-semitismo no passado, aqui a encarar um papel onde é igualmente ignorante e racista, ao mesmo tempo que traz de volta a sua glória dos anos ’80 e ’90, como Resgate, ou até mais próximo, Arma Mortífera, aqui num estado mais sereno e contido. Nesta variante mais séria de um buddy-cop movie, rapidamente percebemos que estamos perante uma obra com uma grande narrativa por detrás, não tivesse o filme a duração de 2 horas e 39 minutos, onde todos os segundos servem realmente para contar uma história com muita polpa.

Há de facto muito para contar em Na Sombra da Lei e tudo é levado em conta para o desfecho duma história que não é só sobre dois homens que fizeram o que precisavam de fazer naquelas circunstâncias, mas também pelos olhos dos criminosos, esses com as suas próprias motivações para lançarem o terror pela cidade, onde a linha entre o bem e o mal é distorcida.

Novamente Zahler traz um argumento e realização que no fundo é uma bela mistura de Tarantino, até certo ponto, e a série de culto A Escuta, criada por David Simon, onde as semelhanças entre a mostra dos dois lados da lei são aparentes e feito com uma mestria marcante; da qual temos a certeza que estamos perante alguém preocupado em contar uma boa história onde todos os momentos importam.

Assim, Na Sombra da Lei é um filme recompensador para aqueles que lhe darão uma oportunidade, com uma narrativa cativante e uma realização que poucos cineastas são capazes de fazer tão bem. Ainda que a sua duração épica de pouco menos de 3 horas possa assustar, certamente não é algo que se irão arrepender.

  • Na Sombra da Lei estreia a 11 de julho nos cinemas.

Nota Final: 8/10

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