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Cinema: Crítica – Um Intruso na Cave (2021)

A questão de prespectivas diferentes de ver o mundo significa que existem pessoas com opiniões contrárias, seja na Internet, seja no mundo real. A forma como distinguimos esses pontos de vista, como opiniões ou posições de vida, acabam por definir a nossa forma de ser perante elas. Em Um Intruso na Cave, Philippe Le Guay insere-nos numa situação que facilmente poderia acontecer a qualquer pessoa, mas que acaba por ver a sua mensagem demasiado neutra para levarmos a lição a sério.

O filme conta a história de Simon (Jérémie Renier) e Hélène Sandberg (Bérénice Bejo), um casal parisiense, que decide vender a sua arrecadação ao aparente homem simpático Jaques Fonzic (François Cluzet). Simon dá ao senhor muita confiança, mesmo não o conhecendo muito bem. Os problemas surgem quando Jaques começa a viver na cava e revela ser um negacionista do Holocausto, causando um enorme tumulto na família de Simon e do seu condomínio.

Um Intruso na Cave tem todos os ingredientes necessários para um thriller competente, e fá-lo durante a maioria do tempo, excepto quando não escolhe a violência. A abordagem relativamente civil causa uma narrativa sem grandes complexos, onde processos e reuniões de condomínio são basicamente cenas de acção. Por outro lado está a mensagem menos clara sobre a ideia de diferenças de opiniões, sobretudo numa altura onde grupos de extremo bombardeiam as suas ideias nos principais meios. Este jogo de certo e errado perde demasiado tempo para dar razão a qualquer um dos lados,

Este ponto demonstra-se ser importante, considerando que nunca é certo se devemos ou não simpatizar com Jaques, um senhor que alega querer apenas que as pessoas façam perguntas e questionem as versões oficiais, criando as suas próprias opiniões sobre qualquer tema. Mas por outro lado, este nada faz para esconder a sua natureza anti-semita. De igual forma, a família Sandberg finge ser cruel nas suas tentativas de criar miséria para Jaques, mas de nenhuma forma tentam mercer a nossa empatia. No fim, com tanto espaço cinzento no meio da ambiguidade, há uma grande dificuldade em perceber quem é o verdadeiro vilão desta história. Na verdade, a indiferença é tanta que até podiam ser os dois lados.

Com isto, Um Intruso na Cave tinha potencial de ser um thriller mais intenso, com mais densidade e muito para além da conversa e do paleio que o compõe, com acções assustadoras e com verdadeiro impacto, tal como o incrível Furie de Olivier Abbou fez em 2019, com a abordagem inversa de o que é um filme dentro dos home invasion. Neste caso optou por só meter um processo em tribunal e pouco mais…

Nota Final: 5/10

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