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Cinema: Crítica – Seberg – Contra Todos os Inimigos (2020)

Entre os anos 50 e 70, através do FBI, o governo dos Estados Unidos da América conduziu uma série de investigações via meios frequentemente ilegais, sobretudo na base da manipulação e fabricação de provas bem como com a colocação de escutas, com o objectivo de desacreditar qualquer organização que pudesse opor o governo. Benedict Andrews aborda o tema através dos olhos de Jean Seberg, uma das figuras mais predominantes daquela altura que se viu no meio duma guerra entre os E.U.A. e o movimento das Panteras Negras.

Em Seberg – Contra Todos os Inimigos, conhecemos o que são os últimos anos da actriz Jean Seberg, interpretada por Kristen Stewart, após se ter tornado num alvo devido às suas associações com Hakim Jamal (Anthony Mackie), um homem com uma grande influência dentro do movimento das Panteras Negras. A vidas deles dão uma reviravolta, quando o FBI coloca-os sob vigilância. Cabe aos agentes Jack Soloman (Jack O’Connell) e Carl Kowalski (Vince Vaughn) supervisionar a relação dos dois, e utilizar essa informação contra eles, das piores formas possíveis.

Quem entra no cinema a pensar que está perante uma biografia sobre umas das esquecidas actrizes do velho Hollywood rapidamente depara-se com uma espécie de thriller sobre o próprio COINTELPRO e as graves consequências que foram causadas à sua custa. Sendo Seberg, apenas, alguém que sofreu danos colaterais. A sua fama e o seu dinheiro deram-lhe uma plataforma perigosa, e ser neutralizada a todo o custo era o objectivo imperativo do FBI, algo que testemunhamos num ponto de vista misógino e racista.

Se por um lado Kristen Stewart continua, e muito bem, a sua carreira ao mostrar que é muito para além da rapariga de Crepúsculo, um rótulo que parece lhe perseguir até hoje. O restante elenco de grande qualidade, entre eles Margaret Qualley e Zazie Beetz, apenas existe para efeitos ilustrativos, onde já os vimos noutras obras com intervenções mais interessantes.

A grande fraqueza de Seberg – Contra Todos os Inimigos é a sua falta de foco, dividido em desmascarar uma acção condenável do governo e retratar a vida de Jean Seberg durante este período tumultuoso da sua vida. Acaba por não ser muito bom a contar ambas as histórias, que certamente mereciam uma abordagem mais aprofundada, nem que fosse para suscitar a curiosidade das gerações mais novas e perceber como a história acaba sempre por se repetir.

Assim, Seberg – Contra Todos os Inimigos perde uma oportunidade de contar com convicção um dos momentos mais negligenciados da história dos E.U.A., acabando por ser frívolo na forma que retratas os acontecimentos, sendo Stewart quem carrega toda a carga dramática do filme, com o devido mérito.

Nota Final: 4/10

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