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Cinema: Crítica – O Rei de Staten Island (2020)

Durante os meados dos anos ’00, Judd Apatow, ele próprio um escritor de comédia, estreou a sua cadeira de realizador com Virgem aos 40 Anos, iniciando assim uma longa e frutífera carreira em cinema, liderando o futuro do género com as suas várias obras, trabalhando com alguns dos melhores e piores actores de todos os cantos de Hollywood. Acontece que ao fim de um hiatus de cinco anos, Apatow regressa com O Rei de Staten Island, onde se junta com Pete Davidson, mais conhecido pelas suas contribuições no programa Saturday Night Live.

Scott (Davidson) é um jovem de 24 anos, ainda a viver na casa da sua mãe, onde passa os dias com os amigos a fumar ganza e não fazer muito mais da sua vida, que se encontra sem rumo. Desde que perdeu o seu pai bombeiro aos 7 anos, nunca mais foi o mesmo, por isso ao perceber que está a ficar para trás em relação ao resto do mundo, com a sua irmã mais nova Claire (Maude Apatow) a ir para a faculdade, e a sua mãe Margie (Marisa Tomei) ter novamente encontrado o amor, com Ray (o comediante Bill Burr), seria de esperar que a sua reacção ao lidar com estas mudanças ser um bocadinho agressivas.

Nos últimos 15 anos, temos vistos uma evolução no tom cómico de Apatow. Quando começou, o mundo riu-se em conjunto ao ver um virgem de 40 anos na sua jornada doida de rectificar esse ponto. Hoje, damos por nós a chorar com a dor cobrida por piadas sinceras, com uma história parcialmente inspirada pela vida real de Davidson, tendo perdido o seu pai bombeiro durante os ataques das Torres Gémeas no 11 de Setembro. Essa realidade pesada é visível na actuação do comediante que, lentamente, está a mostrar algum sucesso como actor e provar que tem muito mais para oferecer que polémicas e tatuagens; algo que podemos, de certo modo, viver em conjunto, ao vermos Scott a lidar com os seus problemas.

Não que O Rei de Staten Island não seja cómico – existem dezenas de momentos divertidos, mas conseguimos ver que são muito pensados, talvez por sabermos que a luta de Davidson é real e está exposta neste filme, com uma ligeira tendência de nos quebrar o coração. Por outro lado, vermos Bill Burr sem ser no palco ou como uma voz na série de animação da Netflix, F is for Family, é um dos pontos altos do filme.

Assim, Judd Apatow apresenta-nos um regresso mais consentido, longe das suas piadas mais arriscadas, aqui substituídas por um verdadeiro drama sobre um rapaz que apenas quer sobreviver ao que o universo lhe atira, e fazê-lo da melhor forma possível. Pode nem sempre ter sucesso, mas ao menos vem de um lugar verdadeiro no seu coração, e é isso que conta.

Nota Final: 7/10

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