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Cinema: Crítica – Amesterdão (2022)

A carreira complicada de David O. Russell, capaz de realizar obras como Três Reis, Guia para um Final Feliz, Joy ou Golpada Americana, tem na última década demonstrado um conforto no meio da confusão, em filmes com grandes e reconhecidos elencos a participarem em histórias altamente elaboradas. O seu mais recente filme, Amesterdão, vagamente inspirado em evento reais, traz-nos mais uma dose de desordem cinematográfica.

Durante a década de 1930, três amigos, o Dr. Burt Berendsen (Christian Bale), o advogado Harold Woodman (John David Washington) e a enfermeira Valerie (Margot Robbie), encontram-se no meio de uma conspiração, após investigarem a inesperada morte de um general amigo e da sua filha, levando-os a descobrir uma das mais ultrajantes tramas da história dos Estados Unidos.

Ultrajante é talvez a melhor descrição da premissa do filme, que começa numa ponta do espectro e leva-nos numa viagem imparável, onde sentimos que tudo pode acontecer. É um sentimento que pouco a pouco se torna bastante inconfortável, muito devido a quão absurdo toda a narrativa possa ser encarada, por mais verídica que seja, de uma forma ou doutra. Desde conspirações, a actos de violência, até à própria relação entre as personagens principais, há algo muito superficial em muitos dos aspectos de Amesterdão.

Por norma seria bizarro ver um elenco de luxo como este culminar nesta salganhada patriótica, mas considerando que é uma obra de David O. Russell, o mesmo que trocou-nos as voltas em Golpada Americana, aqui tem ao dispor estrelas estabelecidas e dá-lhes o uso bizarro que frequentemente estão associados. Um bom exemplo disso é o charme de Rami Malek e Anya Taylor-Joy, dois actores conhecidos por serem mais discretos no seu dia-a-dia, que aqui se apresentam como o casal carismático Voze, envolvida de alguma forma no que está a acontecer.

Amesterdão é um filme que ao inicio estranha-se, e não é bem certo se o mesmo entrenha-se, pois o ritmo do mesmo pede um acompanhamento próximo a tudo e todos, podendo com alguma facilidade perder-se no meio de tanta confusão. Mais ainda, o próprio filme ser escrito e realizado por O. Russell, com o mesmo a parecer funcionar de forma intrigante no papel, deixando uma execução algo perdida na sua própria abordagem e finalidade, nunca sabendo bem o que fazer com o elenco que tem.

Dito isto, há possivelmente um bom serão a ter aqui pelo meio, com Amesterdão a dar-nos alguns risos no meio da sua conspiração algo divertida e igualmente absurda. Acreditar que parte disto realmente aconteceu deixa-nos, no mínimo, perplexos, e pelos menos isso pode ser um motivo para ver. Não esperem é que aprendam algo sobre a história dos Estados Unidos com este filme.

Nota Final: 6/10

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