Jogos: Endoparasitic – Análise
Endoparasitic é um survival horror brutal que redefine a tensão com controlos a um braço, urgência ditada por um parasita e combate táctico.
Jogo: Endoparasitic
Disponível para: PC, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: Nintendo Switch
Desenvolvedora: Deep Root Interactive
Editora: Pineapple Works
Quando um jogo decide arrancar-nos da zona de conforto, normalmente fá-lo através de reviravoltas narrativas ou picos de dificuldade. Endoparasitic, desenvolvido pela Deep Root Interactive, escolhe um caminho bem mais cruel: arranca-te literalmente três membros e manda-te rastejar. Não é metáfora, é a mecânica central, e resulta numa das experiências de survival horror mais originais dos últimos tempos.
A premissa é brilhantemente cruel. És um investigador preso num asteroide remoto após um surto parasitário devastar o teu laboratório. Ficas com apenas um braço, e com ele terás de te arrastar por corredores escuros e claustrofóbicos, enquanto um parasita escava caminho até ao teu cérebro. É uma barra de vida visual que funciona também como relógio implacável. Cada segundo é terror, cada seringa de vacina é uma linha frágil de sobrevivência.
A jogabilidade constrói-se em torno da ideia de desconforto como fonte de tensão. O movimento é manual, não carregas em “W” para andar, clicas e puxas-te para a frente como alguém a sangrar num chão estéril. Armas? Sim, mas recarregar é um processo penoso. As balas têm de ser inseridas uma a uma, por vezes depois de ejectar manualmente as cápsulas. E não podes mover-te enquanto apontas, o que transforma cada tiroteio numa aposta: ficas no sítio e arriscas ser cercado, ou arrastas-te numa retirada desesperada?
A versão para Switch prova que o lema “uma mão no jogo, uma mão na vida real” não é apenas marketing inteligente, é parte essencial da atmosfera. O esquema de controlo desajeitado obriga-te a sentir na pele a vulnerabilidade da personagem. As batalhas contra bosses amplificam isso, exigindo precisão e nervos de aço quando o corpo só quer entrar em pânico.
Para quebrar o ciclo rastejar, disparar, recarregar, o jogo intercala secções de furtividade e puzzles. Estes momentos mais calmos não reduzem o horror, pelo contrário, aguçam-no, lembrando-te de quão frágil é a sobrevivência quando a próxima esquina pode esconder outro monstro.
Endoparasitic não é um jogo para quem procura conforto. É para jogadores que vivem da pressão, que não se importam que o sucesso saiba a suor, frustração e determinação sombria. É cru, despolido nos pontos certos e inesquecível.
Nota: 7/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.





