Jogos: Sonic Racing: CrossWorlds – Análise
Sonic Racing: CrossWorlds não pretende ser um substituto de Mario Kart World, mas definitivamente quer ser o seu rival. E, por vezes, consegue.
Jogo: Sonic Racing: CrossWorlds
Disponível para: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedora: Sonic Team
Editora: SEGA

CrossWorlds não tem vergonha da sua herança. É a Sonic Team de volta ao modo de corridas, com uma dose extra de estilo graças à equipa de Initial D. Enquanto a Nintendo aposta no polimento e na precisão, a Sega põe tudo no máximo: velocidade, cores, caos. O resultado é menos “jogo de tabuleiro com rodas para a família”, e mais “o sonho de um arcade cabinet”. Os fãs de All-Stars Racing vão reconhecer o ADN, mas a execução é mais afiada, mais limpa e um pouco mais ousada.
Ao contrário das experiências em formato aberto de Mario Kart World, CrossWorlds aposta na tradição: voltas, itens, derrapagens e turbos. Mas a Sega acrescenta o seu próprio tempero, o sistema de portais CrossWorlds. A meio de uma corrida, o líder escolhe um caminho que teleporta todo o plantel para uma nova pista. Na volta final, todos são atirados de volta ao percurso original, agora recheado de novos perigos. É imprevisível, é dramático e é pura loucura Sega.
A boa notícia, conduzir é incrível. CrossWorlds acerta em cheio na curva de controlo “manteiga derretida”, com derrapagens certeiras, curvas responsivas e aquela mudança de impulso satisfatória quando sais disparado de uma esquina. A gestão de turbos é praticamente um desporto por si só. Podes ganhá-los a derrapar, a encadear manobras no ar, a acertar em plataformas ou a apanhar anéis. O ritmo é tão implacável que, por vezes, até te sentes sobrecarregado de escolhas. Saltas para um turbo de truque, ou jogas pelo seguro para evitar seres projectado contra uma parede?
Os itens, felizmente, estão equilibrados. Aqui não há “conchas azuis do inferno”. Levar um toque abranda-te, mas não destrói por completo a tua corrida. Ainda assim, a física pode parecer demasiado leve. As colisões são punitivas, perdes anéis mesmo em arranhões menores, o que torna o início caótico de cada corrida mais frustrante do que divertido.
Uma das maiores surpresas do jogo é o Sistema de Rivais. Em cada Grande Prémio, és emparelhado com um inimigo que te provoca sempre que o ultrapassas ou és ultrapassado. É um detalhe pequeno, mas dá personalidade ao que poderia ter sido apenas mais uma IA sem alma. Vencer o teu rival é mais satisfatório do que ficar em primeiro lugar na geral. Infelizmente, esta funcionalidade não foi transportada para o online, o que parece uma oportunidade perdida.
Depois, há as Frenzy Laps. Aleatoriamente, uma corrida pode enlouquecer, com anéis extra por todo o lado, turbos infinitos ou uma tempestade de caixas de itens. Nem sempre resultam, mas quando sim, transformam por completo o fluxo da corrida.
A Sega quer claramente que passes tempo a mexer no teu carro. A personalização é profunda: trocar peças, alterar acabamentos, colar autocolantes, até mudar a buzina. Junta o Sistema de Gadgets e podes afinar o desempenho do kart, com turbos mais rápidos, melhores itens ou até um ataque de derrapagem giratória. É flexível e viciante.
Mas depois vem o grind. Desbloquear estas opções exige Bilhetes, e a economia é brutal. Os preços dos cosméticos estão inflacionados e a progressão parece esticada apenas para te obrigar a repetir. Pior, o sistema de “amizade” com vendedores (oferecer Bilhetes a personagens para desbloquear extras) soa a trabalho forçado. É o tipo de design que mostra que a Sega ainda gosta de testar a paciência dos jogadores.
O plantel é uma mistura divertida: os clássicos (Sonic, Tails, Shadow), algumas escolhas estranhas e até surpresas como a Hatsune Miku. É excêntrico, no estilo clássico da Sega.
O design das pistas brilha com referências à história de Sonic: Unleashed, Secret Rings, Forces. A variedade é sólida, embora nenhuma atinja os picos deslumbrantes de Mario Kart. Uma pista inspirada em Frontiers é especialmente desanimadora, cinzenta, sem vida e lenta em comparação com as restantes.
Quanto à apresentação, é a típica sobrecarga sensorial da Sega: cores neon, bandas sonoras intensas e efeitos incessantes. É emocionante, mas por vezes demasiado.
O conteúdo offline é sólido: Grande Prémio com o sistema de rivais, Time Trials e Race Park (um grind cooperativo com menos personalidade). Já o online parece básico. As corridas standard são aceitáveis, mas a ausência do sistema de Rivais e recompensas pouco apelativas tornam difícil manter o interesse.
Sonic Racing: CrossWorlds é a Sega a fazer o que melhor sabe, diversão ruidosa, veloz e caótica. Não é tão polido como Mario Kart, mas não precisa de ser. É um sabor diferente, guloseima de arcade em contraste com a caixa de brinquedos refinada da Nintendo.
Nota: 8/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.





