Jogos: Patapon 1+2 Replay – Análise
Patapon 1+2 Replay é um jogo com uma jogabilidade rítmica nostálgica, mas também marcado por falhas modernas.
Jogo: Patapon 1+2 Replay
Disponível para: PC, PlayStation 5, Nintendo Switch
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedor: SAS CO.,LTD.
Editora: Bandai Namco Entertainment Inc.
Dezoito anos após a sua estreia na PSP, Patapon 1+2 Replay regressa para encantar uma nova geração, reunindo dois dos títulos mais distintos da era das consolas portáteis da Sony. Embora o remaster traga pouca inovação, a jogabilidade principal continua a ser uma fusão acessível e cativante de ritmo, estratégia em tempo real e progressão ao estilo RPG — uma combinação que ainda hoje se destaca no panorama atual.
No seu cerne, Patapon 1+2 Replay é um jogo de contrastes: visualmente minimalista, mas conceptualmente rico; aparentemente simples, mas com profundidade táctica. Não é um jogo de ritmo tradicional — é um título de estratégia movido a percussão, onde o compasso serve como linha de comando em vez de espetáculo musical. A filosofia de design aposta na acessibilidade, permitindo que os jogadores compreendam rapidamente as mecânicas básicas, ao mesmo tempo que oferece personalização profunda e planeamento para quem estiver disposto a envolver-se no seu ciclo intensivo de repetição.
Apesar da idade, a energia excêntrica e as mecânicas inventivas dos jogos mantêm o seu charme original, provando que um design inteligente pode superar a falta de brilho técnico.
Os jogadores assumem o papel de uma divindade omnipotente, guiando os tribais Patapons através de padrões rítmicos de quatro notas. Cada comando — desde marchar, atacar ou defender — é executado ao pressionar os botões do comando com o tempo certo (por exemplo, “Pata Pata Pata Pon” para avançar). O ritmo não é apenas temático — é também estrutural, ditando todo o movimento e ação.
O primeiro jogo foca-se na construção de um exército básico de unidades corpo-a-corpo, à distância e de apoio, enquanto Patapon 2 expande a fórmula com novas classes, árvores de evolução e até uma unidade heróica personalizável. As missões variam entre caçadas de recursos, escaramuças tribais e batalhas épicas contra chefes, exigindo pensamento estratégico sem nunca perder o compasso.
No entanto, a repetição intensiva para obter materiais como o Ka-Ching continua a ser uma parte essencial, especialmente para fabrico e melhorias de unidades. Felizmente, as missões são concebidas para repetições rápidas, o que ajuda a atenuar a monotonia.
Ao contrário da maioria dos jogos de ritmo, Patapon não se foca numa banda sonora forte. Aqui, a percussão funciona como feedback, reforçando o desempenho do jogador. Não há uma banda sonora tradicional — os ganchos rítmicos vêm dos cânticos e reações dos próprios Patapons, e não de uma música de fundo.
A precisão rítmica é crucial, sobretudo para entrar e manter o Modo Fever, que potencia os ataques. No entanto, o sistema pode ser implacável, com pequenos deslizes de tempo ou distrações visuais a quebrarem facilmente o fluxo. Apesar de existirem opções para ajustar o atraso de entrada rítmica, estas só estão disponíveis durante as missões, o que limita uma calibração antecipada.
Patapon 1+2 Replay continua a impressionar com os seus visuais ousados e estilizados. O estilo artístico minimalista, em jeito de banda desenhada, mantém-se marcante, e os expressivos Patapons dão vida a cada cena. Os ambientes vibrantes e os designs dos chefes contrastam lindamente com as silhuetas negras do exército Patapon, criando uma estética distinta e coesa.
Apesar do seu charme visual, o port em si revela falta de acabamento. Uma das falhas mais notórias é a ausência de uma função de pausa, obrigando os jogadores a recorrer ao botão Home para interromper o jogo. Além disso, não existe um sistema de gravação automática, o que pode colocar em risco o progresso em sessões mais longas. A calibração rítmica também representa um desafio, já que não pode ser testada fora das missões — esta limitação afeta a acessibilidade para alguns jogadores. Por fim, a ausência de Patapon 3 deixa a coleção incompleta.
As adições na coleção Replay são mínimas. A mudança mais significativa é uma nova definição de dificuldade, incluindo um Modo Fácil que ajuda a reduzir a repetição nas fases iniciais. Fora isso, não há melhorias relevantes nos visuais, som ou interface — sem suporte para ecrã panorâmico, sem uma interface renovada, nem melhorias na qualidade de vida que se esperariam de um remaster moderno.
Patapon 1+2 Replay oferece um regresso nostálgico e ainda cativante a um dos híbridos mais criativos do mundo dos videojogos. Embora o remaster desapontante não traga modernização nem refinamento, a jogabilidade essencial continua divertida, estratégica e ritmicamente satisfatória.
É uma recomendação fácil para quem tem curiosidade sobre este clássico de culto ou para fãs dos títulos originais. Apenas não esperes uma reformulação moderna — isto é mais uma preservação do que uma reinvenção.
Nota: 6,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.







