Quando os dinossauros dominam o ecrã
O regresso dos dinossauros às salas de cinema com Mundo Jurássico: Renascimento é apenas o capítulo mais recente de uma longa e fascinante relação entre o grande ecrã e estas criaturas colossais. Desde os primórdios do cinema, os dinossauros têm servido de motor para narrativas épicas, assustadoras ou até ternurentas. Aqui ficam alguns títulos marcantes dessa filmografia jurássica.

Começamos com Parque Jurássico (1993), realizado por Steven Spielberg e baseado no livro de Michael Crichton. Antes de mais, este não foi apenas mais um filme de dinossauros. Foi um marco cinematográfico sem precedentes, um verdadeiro ponto de viragem. Com o apoio da revolucionária equipa de efeitos visuais da Industrial Light & Magic e os animatrónicos hiper-realistas criados por Stan Winston, Spielberg conseguiu tornar os dinossauros vivos como nunca se tinha visto. A mistura de efeitos digitais de ponta e modelos físicos realistas provocou um choque de realismo que deixou audiências boquiabertas em 1993 — e ainda hoje continua eficaz.

O rugido do T-Rex, a perseguição dos velociraptores, os primeiros passos do braquiossauro… cada momento foi cinema em estado puro, onde a tecnologia servia a emoção, e não o contrário. Spielberg, mestre da tensão e da magia da 7ª arte, levou o público a um parque que parecia possível — e isso foi parte do terror!
Parque Jurássico contava com um elenco carismático: Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum e Richard Attenborough, cada um a trazer dimensão humana ao espetáculo. A banda sonora de John Williams, com a sua melodia inesquecível, ajudou a gravar o filme na memória coletiva.
Mas não foi só técnica. Parque Jurássico foi também um sucesso comercial estrondoso e criou uma referência para blockbusters. Gerou múltiplas sequelas, inspirou parques temáticos e redefiniu os padrões de efeitos especiais em Hollywood.

Mais do que isso: mudou para sempre a forma como o público via os dinossauros. De fósseis em livros escolares, passaram a figuras de carne e osso no ecrã. Nunca mais foram vistos da mesma forma.
A saga continuou com O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997), também de Spielberg, que ampliou o leque de espécies e trouxe de volta o carismático Ian Malcolm. Já em Parque Jurássico III (2001), Joe Johnston assume a realização, mantendo Sam Neill no papel principal, num filme mais curto e frenético.

Em 2015, a saga ganhou novo fôlego com Mundo Jurássico, protagonizado por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. O filme apresenta um parque funcional e o temível Indominus Rex. As sequelas Reino Caído (2018) e Domínio (2022) aprofundaram o conceito de coexistência entre humanos e dinossauros, embora esta última tenha sido criticada por pretensiosa, apesar do regresso de Goldblum, Dern e Neill.
Para além desta saga, o cinema jurássico tem exemplos fascinantes. King Kong (1933) trouxe dinossauros a Skull Island com animação em stop-motion revolucionária para a época. Já o remake de Peter Jackson em 2005 deu novo brilho a estas criaturas com CGI de ponta, numa sequência de luta com três dinossauros que ficou na memória dos fãs.

Há também lugar para aventuras mais leves, como Baby: O Segredo da Floresta Perdida (1985), uma ternurenta história familiar sobre um bebé brontossauro, protagonizada por Sean Young. Ou ainda We’re Back! A Dinosaur’s Story (1993), uma animação infantil produzida por Spielberg com música de James Horner, que leva dinossauros a Nova Iorque num tom alegre e colorido.
A animação tem vários representantes de peso, como Em Busca do Vale Encantado (1988), produção de Don Bluth com Steven Spielberg e George Lucas, que tocou várias gerações com uma narrativa emotiva. A Idade do Gelo 3: Despertar dos Dinossauros (2009) também deixou a sua marca ao inserir os dinos no universo da saga, garantindo gargalhadas tanto a miúdos como graúdos.
A Pixar ofereceu uma visão mais intimista com A Viagem de Arlo (2015), uma história comovente sobre perda e amizade num cenário pré-histórico. E a Disney já tinha deixado a sua marca com Dinossauro (2000), uma animação inovadora para a época, com realismo visual surpreendente.
Nem só de seriedade vive o género: há espaço para a sátira e o absurdo. The VelociPastor (2018), por exemplo, é uma produção de série B onde um padre adquire a habilidade de se transformar em dinossauro na China (!), dando origem a uma história surreal que já gerou sequela. Também Carnossáurio (1993) tentou capitalizar o sucesso de Spielberg, com orçamento reduzido, efeitos práticos e o charme de Diane Ladd num filme pura série B.

Por outro lado, 65 (2023) mistura ficção científica com dinossauros, ao colocar Adam Driver num planeta habitado por criaturas pré-históricas — uma proposta ousada, mas pouco cativante. Já Meg: Tubarão Gigante (2018) e Meg 2: O Regresso do Tubarão Gigante (2023), com Jason Statham, recuperam o terror das criaturas marinhas pré-históricas com cenas de acção intensas e dinossauros marinhos.
Para os nostálgicos, títulos como Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (1970) e O Monstro dos Tempos Perdidos (1953), com efeitos de Ray Harryhausen, marcaram época e continuam a ser marcos no uso de stop-motion. Já Ao Sul do Rio Grande (1969) mistura western com criaturas pré-históricas de forma improvável e venerada.

Por fim, o humor volta a aparecer em O Homem das Cavernas (1981), uma comédia protagonizada por Ringo Starr, e em Os Flintstones (1994), uma adaptação em imagem real da série de animação, com John Goodman, Rick Moranis, Elizabeth Perkins e Rosie O’Donnell — onde os dinossauros são secundários, mas não menos memoráveis graças aos animatrónicos.

A presença dos dinossauros no grande ecrã continua a reinventar-se, misturando nostalgia, emoção, ficção científica e humor. E tudo indica que estas criaturas pré-históricas continuarão a rugir nas salas de cinema por muitos anos.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.

