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Lilo e Stich: o regresso aguardado

Vinte e três anos após a estreia do original, a Disney aposta novamente em Lilo e Stitch, desta vez em formato de imagem real, com estreia marcada para 22 de maio de 2025. Mais do que uma nova versão, o filme é uma celebração de um dos projetos mais singulares e emotivos da história da animação da Disney. Mas o que torna Lilo e Stitch tão especial, e o que podemos esperar desta nova versão?

Lilo & Stitch
Lilo e Stitch

As Raízes de uma História Inusitada

A génese do filme remonta a 1985, quando Chris Sanders, co-realizador e argumentista, criou o conceito original de Stitch como personagem de um livro infantil. Só mais tarde, já integrado na Disney, transformou a ideia em guião. Com a colaboração de Dean DeBlois, a dupla decidiu abandonar o cenário inicial no Kansas e situar a narrativa no Havai, após uma viagem reveladora a Kauaʻi.

Segundo Sanders:
“Ao conhecermos a cultura havaiana e o espírito de ‘ohana’, sabíamos que era ali que a nossa história devia acontecer.”

Esta mudança deu ao filme uma alma única, centrada na ideia de que família não é apenas sangue, mas as relações que escolhemos preservar — “ʻOhana significa família, e família significa que ninguém é deixado para trás ou esquecido.”

O filme não só recuperou o interesse do público pelo estúdio em plena crise criativa no início dos anos 2000, como também lançou uma franquia que perdura até hoje, reinventando-se constantemente para novas audiências e culturas.

Lilo & Stich

Uma Produção Fora dos Moldes da Disney

Diferente dos grandes estúdios da época, o filme foi produzido longe da sede em Burbank, sendo maioritariamente animado nos estúdios de Orlando, Flórida. Com orçamentos limitados e uma equipa jovem, Lilo e Stitch revelou-se um sucesso improvável.

Visualmente, o filme destacou-se com personagens arredondadas e fundos pintados à mão em aguarela — uma técnica não utilizada pela Disney desde os anos 1940. A opção conferiu-lhe uma atmosfera sonhadora e autêntica.

A produção enfrentou ainda revezes de última hora: após os ataques de 11 de setembro, uma cena com um Boeing 747 a voar entre arranha-céus teve de ser redesenhada para incluir uma nave alienígena, por razões de sensibilidade.

A banda sonora do filme combina músicas de Elvis Presley com composições havaianas autênticas. O mestre de hula Mark Kealiʻi Hoʻomalu contribuiu com duas canções originais e liderou sessões de dança que foram filmadas para garantir a precisão na animação das sequências de hula. A música “Hawaiian Roller Coaster Ride” tornou-se um dos temas mais emblemáticos do filme. E está de regresso, agora com Iam Tongi e o Kamehameha Schools Children’s Chorus a interpretarem “Hawaiian Roller Coaster Ride”.

A Nova Versão

A versão em imagem real de Lilo e Stitch é realizada por Dean Fleischer Camp, cineasta aclamado pelo seu trabalho sensível e inventivo em Marcel, a Concha com Sapatos. A sua abordagem intimista promete manter a essência emocional do original, enquanto introduz uma estética contemporânea e realista.

O elenco principal é liderado pela jovem Maia Kealoha, que dá vida a Lilo Pelekai com um carisma autêntico e raízes culturais havaianas. Ao seu lado, regressa Chris Sanders, co-criador da personagem Stitch, para mais uma vez emprestar a sua inconfundível voz ao adorável alienígena azul.

A acompanhar esta dupla, destacam-se: Sydney Agudong como a dedicada irmã mais velha, Nani; Courtney B. Vance como o imponente e enigmático agente Cobra Bubbles; Zach Galifianakis no papel do excêntrico cientista Dr. Jumba Jookiba; Billy Magnussen como Pleakley, o hilariante especialista em vida terrestre.

O filme conta ainda com participações especiais de Tia Carrere e Jason Scott Lee, que integraram o elenco original de 2002 e regressam agora em papéis inéditos, num gesto simbólico de continuidade e homenagem ao legado da obra original.

Lilo & Stitch
Photo courtesy of Disney. © 2025 Disney Enterprises Inc. All Rights Reserved.

Franquia de Sucesso e Expansões Globais

Desde a sua estreia em 2002, Lilo e Stitch ultrapassou as fronteiras do cinema de animação para se transformar numa das franquias mais duradouras e criativamente ousadas da Disney nos anos 2000. O sucesso não se deve apenas à originalidade do enredo ou ao humor peculiar, mas sobretudo ao carisma inegável de Stitch e à mensagem universal de ʻohana — família, pertença e aceitação.

A narrativa expandiu-se rapidamente para outros formatos. Em Stitch! O Filme (2003), Lilo e Stitch embarcam na missão de recuperar os “primos” experimentais de Stitch, abrindo caminho para Lilo & Stitch: A Série (2003–2006), uma produção que conquistou o público infantil com novas aventuras semanais e personagens memoráveis. O arco encerrou-se em grande com Leroy & Stitch (2006), um confronto final com um clone do mal.

O sucesso atravessou fronteiras com adaptações como Stitch! (2008–2011), série de animação japonesa ambientada na ilha de Izayoi, e Stitch & Ai (2017), uma versão chinesa onde Stitch vive com uma nova amiga nas montanhas de Huangshan. Ambas as versões respeitam a essência do original, mas adaptam-na a contextos culturais específicos, revelando a impressionante flexibilidade narrativa da franquia.

Fora do ecrã, Stitch tornou-se um ícone de merchandising. Peluches, roupa, brinquedos eletrónicos e figuras de ação inundaram o mercado. Em 2025, o novo “Disney Stitch Puppetronic”, uma marioneta robótica com movimentos e voz interativa, promete dominar as prateleiras e corações — um lançamento que coincide com a estreia da versão em imagem real do filme e reforça o estatuto de Stitch como um dos personagens mais amados da Disney contemporânea.

Lilo & Stitch
© 2025 Disney Enterprises Inc. All Rights Reserved.

Lilo e Stitch é já um dos títulos mais antecipados do ano!
O sucesso da nova versão depende, em parte, da capacidade de conjugar nostalgia e inovação — algo que os criadores afirmam estar no cerne do projeto. E o merchandising vai inundar as vidas dos mais novos e dos seus pais, com Stitch preparado para ser a personagem de brinquedos mais popular do ano.


ʻOhana volta a reunir-se no grande ecrã a 22 de maio de 2025. Prepare-se para rir, chorar e, acima de tudo, lembrar que ninguém deve ser deixado para trás.

Ricardo Lopes

Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.

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