Cinema: Crítica – Um Casal (Im)perfeito
Manter um casamento pode ser caótico, mas neste remake do filme de 1989, um casal terá que olhar um para o outro e ser sincero naquilo que realmente querem.
Numa altura em que se questiona o destino das comédias no grande ecrã – sobretudo comédias com uma conotação romântica – eis que Jay Roach, o realizador de obras como Austin Powers, e mais recentemente Bombshell, traz-nos uma nova versão de Um Casal (Im)perfeito.
Conhecemos Theo (Benedict Cumberbatch), um arquitecto de sucesso, que conhece Ivy (Olivia Colman), uma chef de cozinha altamente talentosa. A sua ligação imediata faz com que construam a sua vida nos Estados Unidos. É quando Theo vê o projecto da sua vida ir por água abaixo, e o sucesso de Ivy na sua pequena marisqueira, que ambos percebem que a sua relação mudou e assim testemunhamos duas pessoas a trabalhar com as suas emoções, nem sempre de forma saudável.
Quando o filme original de 1989, na altura realizado por Danny DeVito, e protagonizado por Michael Douglas e Kathleen Turner, estreou nas salas americanas, o mesmo foi aplaudido pelo seu humor negro e abordagem ao conceito de matrimónio. Passado três décadas e meia, e esta actualização olha para o estado actual do compromisso entre duas pessoas e como o sucesso poderá estar de mão-em-mão com o ressentimento pessoal, tendo em consideração o contexto do dia presente da sociedade perante a forma como são, e não são, resolvidas os conflitos internos.
A toxicidade entre as duas personagens é um misto de um tom politicamente incorrecto, ou simplesmente britânico – dependendo do quão sensível estamos a qualquer dado momento. É isto que torna Um Casal (Im)perfeito altamente cativante, oferecendo-nos muitos momentos de trocas de insultos, sendo um exercício de avaliar o que é um insulto a sério, com intenção de magoar, e o que é simplesmente um roast de casal; o que nem sempre é tarefa fácil de decifrar.
É olhando para os dois protagonistas principais que percebemos o quão sortudos somos por ver Cumberbatch e Colman a espalharem o seu charme brilhantemente e único britânico, suportado por um elenco americano, entre eles Andy Samberg e Kate McKinnon, a trazerem uma pitada do seu exagero do Saturday Night Live, complementando perfeitamente o constante humor deliciosamente seco.
Nisto, Um Casal (Im)perfeito prova que ainda há muita vida nas comédias no grande ecrã, proporcionando muitos risos durante pouco mais de hora e meia, onde também talvez possamos aprender não só sobre o amor, como inspirar-nos em como insultar, a sério ou a brincar, o nosso parceiro(a); tudo em bons espíritos. Ou talvez não…
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.





Casal (im)perfeito é, nos nossos dias, um excelente filme porque, afinal, fala do casal e para os casais (im)perfeitos, brincando às vezes mas, dizendo algo muito sério que nos convida à reflexão!