“À Pala de Camões” na Cinemateca
A Cinemateca Portuguesa associa-se às comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões com o ciclo À Pala de Camões, uma mostra de cinema que explora as múltiplas formas como a vida e a obra do maior poeta português foram representadas na sétima arte. O ciclo decorre na primeira quinzena de junho, numa iniciativa organizada em colaboração com a Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, a Biblioteca Nacional de Portugal e a Associação Portuguesa de Escritores.

Do épico ao irónico, do hagiográfico ao iconoclasta, o programa propõe um percurso pelas imagens que o cinema português (e também o brasileiro) construiu de Camões ao longo de quase um século: desde o retrato oficialista de Camões (1946), de Leitão de Barros – filme consagrado pelo Estado Novo como “de interesse nacional” – até às abordagens críticas, satíricas ou líricas de cineastas contemporâneos.
Destaque para a exibição de obras de Manoel de Oliveira e Paulo Rocha, realizadores cuja filmografia mais vezes dialogou com o universo camoniano, mas também para filmes de João César Monteiro, Jorge Cramez, António Escudeiro, João Lopes, Gabriel Abrantes, Helena Estrela, Miguel e João Manso ou Sofia Marques, entre outros. Cada um deles propõe o seu próprio Camões: erótico, desiludido, universalista, épico, romântico, escatológico ou teatral.

Algumas sessões contarão com a presença dos realizadores, que apresentarem os filmes e conversarem com o público. Para além das sessões regulares, o ciclo inclui ainda uma conferência de entrada livre no dia 6 de junho às 17h, no Auditório da Biblioteca Nacional, sob o tema Camões no Cinema. Participam os investigadores Mariana Pinto dos Santos, Luís Trindade, Maria do Rosário Lupi Bello, Sérgio Dias Branco, José Manuel de Vasconcelos e Ricardo Vieira Lisboa, programador da Cinemateca.
Alguns dos filmes serão exibidos com legendas em inglês, nomeadamente Camões (1946), A Comédia de Deus (1995, de João César Monteiro) e Non ou a Vã Glória de Mandar (1990, de Manoel de Oliveira), tornando o ciclo acessível a plateias que não dominam a língua portuguesa e sublinhando a vocação universal da obra camoniana.

No centro da reflexão está Camões, símbolo ao longo dos séculos de ideologias contraditórias – do império à República, da ditadura à democracia. Como lembra Hélder Macedo no documentário de Renata Sancho incluído no ciclo, Camões tem sido usado como emblema de causas díspares, mas permanece, acima de tudo, “o pioneiro da moderna consciência universalista”. Um poeta, como dizia Jorge de Sena, que continua a ser contemporâneo.
Mais informações e programação detalhada disponíveis em www.cinemateca.pt .
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.