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BD: Crítica – Eu, Louco

“Eu, Louco” foi uma das últimas apostas da Ala dos Livros para 2019. Será que a dupla espanhola de autores volta a trazer um romance gráfico que merece ser lido e colocado com orgulho na nossa estante?

Após Eu, Assassino (lançado em Portugal em 2016, pela Arte de Autor), voltamos a ver a dupla de António Altarriba e Keko num álbum onde tornam a explorar o mundo contemporâneo do nosso país vizinho, mas, desta vez, no universo da indústria farmacêutica e da psiquiatria.

Aqui seguimos Ángel Molinos, um dramaturgo fracassado que trabalha numa empresa que estuda transtornos mentais e que cria perfis psicológicos para que novas drogas surjam no mercado, pela “mão” da empresa farmacêutica mãe. Mas Ángel sofre de pesadelos horríveis, que vai anotando no seu caderno, e começa a querer explorar o que realmente fazem os seus empregadores. Consoante vai descobrindo, mais problemas vão assomando e mais pesadelos vão surgindo, numa espiral de loucura completa.

Esta é a segunda parte da trilogia do “Eu”. Embora se trate de histórias independentes, irá haver pontos em comum, como a crítica à actualidade, ou, no sentido estético do livro, com os negros, muito negros, da arte de Keko, matizados aqui e ali por uma segunda cor, que, neste caso concreto, é o amarelo (no álbum anterior seria o vermelho). E é interessante ir descobrindo estes salpicos e analisar, no final, o que realmente representam.

“Eu, Louco” é uma reflexão política da sociedade, e uma dura crítica não só ao mundo farmacêutico, da psicologia e da psiquiatria, mas também ao pré-julgamento das pessoas e à facilidade que estas entidades têm de desviar o pensamento livre de cada um de nós, para um mundo altamente lucrativo.

Apesar do tema poder parecer complexo, a história não é demasiado pesada ou intrincada. O enredo acaba por ser um thriller, em forma de viagem agonizante e claustrofóbica aos lados mais negros da mente humana, de uma forma lenta, mas em completo delírio.

Se gostam de autores como José Carlos Fernandes, ou de livros como Futuroscópio, de Miguel Montenegro, então não hesitem em ler este romance gráfico, “Eu, Louco”.

A edição portuguesa conta com capa dura, miolo impresso num admirável papel couché de alta gramagem, uma boa tradução, e uma legendagem que intercala balões perfeitos com outros francamente maus.

Argumento: António Altarriba
Arte: Keko
Editor: Arte de Autor
Argumento: 8,5
Arte: 7
Legendagem: 5
Encadernação: 9
Veredito Final: 8


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