Keepers of the Elven‑rings – A Expansão RPG que enriquece o mito
Quando peguei Keepers of the Elven-rings, senti que era algo como um “canto final onde ainda cantam os elfos” — não apenas mais um suplemento, mas uma ponte entre a luz que resiste e a sombra que avança. Esta expansão não apenas amplia o mundo de The Lord of the Rings Roleplaying 5E, mas aprofunda o papel dos elfos como guardiães, oferecendo novos horizontes narrativos e mecânicos. Aqui vai uma versão técnica + impressões pessoais do que achei bem feito e onde creio que o suplemento pode vacilar.
Keepers of the Elven-rings é um suplemento oficial para The Lord of the Rings Roleplaying (5E), publicado pela Free League Publishing. O livro aprofunda três grandes eixos:
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Where the West-Elves Still Linger: explora os reinos de Lórien, Rivendell e Lindon, seus habitantes, as linhagens élficas e os elfos-lordes que os protegem.
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A Dark Adventure Awaits / The Days Darken: detalha os esquemas de Sauron voltados contra os Povos Imortais, introduz novos inimigos, eventos sombrios e personagens adversários que podem desafiar os elfos.
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Landmarks: apresenta 12 locais de interesse — incluindo lugares já presentes em O Senhor dos Anéis e outros inéditos criados para provocar jornadas e descobertas.
Além disso, o suplemento traz um Apêndice com regras para criar e interpretar elfos nobres — High Elves (elfos elevados) de Rivendell e elfos de Lórien — e ainda diretrizes para personagens épicos chamados Elf-lords, aptos a alcançar níveis mais altos no jogo. Em Keepers of the Elven-rings, espera-se que essas regras respeitem o tom baixo-magia e “consensual” do cenário de Tolkien, ajustando-se ao sistema 5E já presente em The Lord of the Rings Roleplaying.
No suplemento, os capítulos também oferecem histórias, ganchos, estatísticas (stat blocks) de elfos e NPCs que podem aparecer nas campanhas, cronologias de eventos relacionados ao conflito élfico, mapas ilustrados e sugestões para jornadas, encontros e arcos.
Keepers of the Elven-rings brilha especialmente ao dar voz (e espaço) aos elfos de modo profundo: os reinos élficos, os seus guardiões e legados ganham vida com detalhes que vão além da estética. Sentimos que estamos retornando aos salões de Rivendell ou caminhando pelas sombras douradas de Lórien com antigos cantos e memórias respirando nas páginas.
Uma das grandes qualidades é o equilíbrio entre lore e utilidade — o suplemento não fica preso a longos ensaios sobre genealogias; oferece estatísticas, ganchos de aventura e ideias que qualquer Loremaster (mestre) pode inserir sem pesar demais no ritmo da campanha. A seção de Landmarks, com os seus 12 locais, é particularmente rica: cada local vem com mapas, rumores, descrições visuais e potenciais caminhos narrativos. Nesse aspecto, o suplemento cumpre bem sua missão de ser modulável — você pode usar um desses locais como pit stop ou construir uma minicampanha ao redor de um deles.
A secção dedicada aos planos de Sauron oferece um contraste sombrio muito interessante, introduzindo antagonistas com motivações ligadas ao mundo élfico ou a forças espirituais, como Cauthlin, um espírito enganador do universo dos elfos, que acrescenta uma sensação de ameaça mais pessoal e próxima. Além disso, o apêndice expande as possibilidades de jogo, permitindo interpretar elfos poderosos — High Elves, Wood-elves — e até Elf-lords, oferecendo personagens que ganham importância e relevância à medida que a campanha avança.
Mas há nuances a considerar. Em análises, alguns apontam que o suplemento exige do Loremaster um bom domínio de Tolkien, para conectar bem os personagens com o mundo sem criar dissonâncias. Também notei que, para campanhas de grupos com menos afinidade com “fantasia mais refinada”, o peso cultural e mítico élficos pode soar distante — há momentos em que a elegância e a tradição dos elfos tomam a cena mais do que a ação direta.
Outro ponto: ao permitir personagens super poderosos como Elf-lords, há o risco de desequilíbrio se o mestre não for cuidadoso. Jogadores que alcançarem essas “altitudes élfica” podem eclipsar cenas cotidianas ou interações mais modestas. A transição entre elfos menos poderosos e elfos-lordes precisa ser bem gerida para não quebrar o tom de aventura e mortalidade.
Em ritmo, embora o suplemento ofereça ideias modulares, usar muitos dos novos elementos simultaneamente pode tornar a narrativa densa. Jogar muitos encontros mitológicos, crises élficas e viagens entre locais pode exigir sessões longas ou dividir o arco em “sagas”. Para grupos que preferem aventuras mais diretas ou episódicas, pode haver momentos de lentidão emocional ou “exposição”.
Keepers of the Elven-rings não é apenas uma expansão, mas uma experiência mais profunda sobre o declínio e a resistência dos imortais de Tolkien.
Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.




