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Cinema: Crítica – Uma Batalha Atrás da Outra

Paul Thomas Anderson regressa ao grande ecrã com Uma Batalha Atrás da Outra, num filme protagonizado por Leonardo DiCaprio, num dos seus melhores papeis de sempre.

A carreira de Paul Thomas Anderson é vista com muito carinho junto aos cinéfilos. Perguntar “diz-me o teu filme favorito do cineasta, e direi quem tu és” é um jogo muito divertido, com o mesmo a estrear muitos filmes considerados geracionais, desde Magnólia, a Punch-Drunk Love – Embriagado de Amor, sem esquecer Haverá Sangue e O Mestre. Desta vez, o realizador inspira-se na obra Vineland de Thomas Pynchon e inclui o autor como co-argumentista em Uma Batalha Atrás da Outra.

Seguimos a vida de Bob Ferguson (Leonardo DiCaprio), um ex-revolucionário americano, que após ver a sua amada Perfidia (Teyana Taylor) ser capturada pelo obsessivo Coronel Steven Lockjaw (Sean Penn), é forçado a ser um pai presente para Willa (Chase Infiniti). 16 anos depois, quando o inimigo regressa e leva Willa, Bob junta-se novo a velhos amigos para salvar a sua filha adolescente.

A partir do primeiro segundo que o filme nos enquadra num Estados Unidos contemporâneo, com o grupo revolucionário French 75 a salvar um grupo de imigrante num centro de detenção. A partir daí, sabemos exactamente o quão o filme está disposto a arriscar e olhar para o estado actual de um país altamente quebrado e a precisar de salvação, e fá-lo de uma forma completamente destemida ao personificar as várias personagens que vêem as suas vidas cruzadas umas com as outras, permitindo olhar para os vários lados da batalha diária para a liberdade.

Acontece que Paul Thomas Anderson é um mestre a combinar uma multitude de géneros para contar a sua história, colando géneros como sátira ao thriller de espiões, com drama familiar e acção de cortar a respiração, tudo com uma naturalidade que praticamente mais ninguém é capaz neste momento, sobretudo quando visto numa gloriosa tela de IMAX; esta da qual aproveita da melhor forma possível a ressurgência do formato VistaVision, ainda que projectado digitalmente, aliada à cinematografia memorável de Michael Bauman e a banda sonora de Jonny Greenwood, que equilibra a energia das imagens com a tensão minimalista caótica e imprevisível da sua música.

Se não bastasse a mestria do cineasta, o elenco dá tudo neste filme, com DiCaprio num dos seus melhores papeis, equilibrando o bravado revolucionário com a ansiedade paterna com uma vulnerabilidade surpreendente, a Penn como o soldado ameaçado mas emocionalmente complexo; enquanto que Taylor e Infinity são as duas grandes e incríveis mulher deste filme.

Assim, Uma Batalha Atrás da Outra será, sem dúvida, um dos grandes filmes do ano e certamente será considerado com muito respeito em todas as conversas relacionados aos Óscares do próximo ano, com uma obra geracional que será alvo de estudo durante décadas, e uma cápsula temporal do tempo em que o mundo tinha bons motivos para odiar o governo norte-americano, num filme que serve de tanto como um acto criativo como de político.

Nota Final: 9/10

Ricardo Du Toit

Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.

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