5 perguntas a 4 editoras de BD com stand no Feira do Livro
O Central Comics aproveitou a oportunidade da ocorrência da Feira do Livro de Lisboa, para fazer algumas questões a quatro editoras de banda desenhada — Ala dos Livros, A Seita, Chili Com Carne e Devir —, todas com stand próprio no certame.
Através de cinco perguntas comuns, procurámos perceber como cada uma avaliou a sua participação no evento, traçando assim um breve retrato do impacto e da visibilidade da BD nesta edição da feira.
Qual foi o título de banda desenhada mais procurado no vosso stand durante esta edição da Feira do Livro de Lisboa?
Ala dos Livros: Toda a colecção de “O Mercenário” e o “Tales from Nevermore”, apesar de este só ter chegado já na última semana da Feira.
A Seita: Os Filhos de Baba Yaga, com os Deadpool Samurai (1 e 2) mesmo ali coladinhos.
Devir: One Piece 9
Notaram um aumento no interesse do publico este ano?
Ala dos Livros: Talvez tivesse havido um pouco mais de público, sobretudo ao final do dia. Foi bastante variável com dias muito concorridos, mas outros com menos afluência, o que se confirma pelo que soubemos da organização. De salientar que em termos de divulgação a APEL fez um óptimo trabalho, sobretudo nas redes sociais.
A Seita: Sim, notámos um aumento claro, sobretudo por parte de um público que normalmente não é leitor habitual de banda desenhada. Isso traduz-se não só num crescimento nas vendas, mas também num maior número de conversas curiosas, perguntas genuínas e descoberta de títulos inesperados por parte dos visitantes.
Como correram as vendas?
Ala dos Livros: Em termos de vendas ficámos em linha com o ano de 2024, o que estava nas nossas expectativas, considerando que de 2023 para 2024 registámos um aumento de vendas de 20% na Feira do Livro. Isto em termos de facturação, porque em termos de número de livros vendidos foi até superior a 2024. A justificação para essa diferença é que neste tipo de eventos realizamos sempre campanhas de descontos, que chegavam aos 50% em alguns títulos.
Existiram várias alterações aos limites de desconto de acordo com o regulamento em vigor da Feira, que no nosso caso respeitámos. Também introduzimos este ano na Feira do Livro a campanha “Leve 4 Pague 3” que muitos leitores aproveitaram para levar ou completar séries que publicamos. Depois há o problema do crescimento desigual dos espaços na Feira que levanta alguns desafios de representatividade e visibilidade, para mais num segmento específico como a BD. De qualquer forma, o balanço foi mais um vez bastante positivo.
Como também tem sido habitual, já nos primeiros dias de Julho (3-4), teremos ainda uma campanha online com os descontos de Feira, para os leitores que não visitaram a Feira do livro de Lisboa.
A Seita: As vendas correram muito bem. Superámos em cerca de 20% os números do ano passado, que já tinham sido bastante positivos. Este crescimento confirma não só a consolidação da nossa presença, mas também a relevância crescente da BD junto do público da Feira.
E em comparação com eventos específicos da BD?
Ala dos Livros: O público que vai a uma Feira do Livro generalista é diferente do público que vai a um festival de BD, mas temos todos os anos a visita habitual dos nossos leitores de BD. É aliás muito interessante já (re)conhecermos alguns deles, falarmos do que levaram e leram da feira anterior e ver que trazem amigos com eles.
A Seita: São realidades diferentes. A Amadora BD, por exemplo, continua a ser uma referência incontornável no que toca a eventos especializados em banda desenhada. Mas na Feira do Livro o público é mais generalista, menos “viciado” em hábitos e mais aberto à descoberta. Isso permite-nos apresentar o nosso catálogo a leitores que talvez nunca se tenham cruzado com ele noutros contextos.
Que importância tem participar na Feira do Livro de Lisboa com stand próprio, no que toca à promoção da banda desenhada?
Ala dos Livros: Começámos a participar directamente na Feira do Livro de Lisboa há 3 anos, em 2023, no ano em que a empresa fez 5 anos de actividade e o nosso catálogo já era suficiente coeso e diverso para o mostrarmos também a um público mais generalista. Sempre entendemos que o fazíamos também para levar os nossos livros a outros públicos e também para dar a conhecer a mais leitores a nossa editora. É por isso que, embora podendo delegar a Feira do Livro de Lisboa e outros eventos a terceiros, estamos lá nós – toda a família – no stand.
Porque gostamos de falar com os leitores, saber a sua opinião, ouvir as sugestões e críticas. Afinal somos nós quem melhor conhece os livros que escolhemos e publicamos. Fizemos apresentações de livros, conversas, sessões de autógrafos. E este ano tivemos a iniciativa e possibilidade de realizar uma campanha de activação de marca – em parceria com a MBWay – que consistiu na oferta – gratuita – de mais de uma centena de livros da Ala dos Livros a visitantes que assim levaram pelo menos um livro de BD para casa. Esse contacto e interação com os nossos leitores e com os visitantes em geral é importante para diversificar o público alvo da BD.
A Seita: Tem uma importância enorme. O ano passado decidimos experimentar essa presença com stand próprio e percebemos rapidamente que fazia todo o sentido. Este ano reforçámos a aposta e não temos dúvidas de que voltaremos no próximo. A Feira do Livro permite-nos apresentar a banda desenhada com seriedade a um público vasto e diversificado, contribuindo ativamente para desmistificar a ideia de que a BD é apenas para crianças – uma ideia que, infelizmente, ainda se ouviu pela feira, ocasionalmente. Mostrar que existem obras surpreendentes – mesmo que não sejam da Seita -, e que merecem ser descobertas, é uma missão que a Feira ajuda a cumprir com enorme eficácia.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.