Crítica – As Novas Aventuras de Bruno Brazil – (3 volumes)
24 anos depois, o espião Bruno Brazil regressou a Portugal com novos álbuns através do lápis de Philippe Aymond e com a escrita de Laurent-Frédéric Bollée.
Bruno Brazil é uma série de banda desenhada franco-belga, que iluminou as mentes dos jovens dos anos 70 e 80. Foram onze os livros lançados no seu francês original, por Greg e William Vance. Dez deles entre 1969 e 1977, e 11º apenas em 1995, sempre pela sua dupla criadora belga original. Aliás, o último livro tem mesmo o título “La fin…?!?”.
Nestas novas aventuras, os agentes da Brigada Caimão, do WSIO, têm em mãos um caso sério de ameaça à segurança nacional. Pelo meio, todas as componentes que criam um imperdível livro cheio de suspense: crimes sofisticados e ação surpreendente – recordem ou descubram a nossa análise ao primeiro volume aqui.
No segundo tomo desta aventura, voltamos a seguir as pegadas de Bruno Brazil, que procura, a todo o custo, descobrir quem foi o responsável pelo assassinato do seu maior inimigo, bem como localizar o operacional da NASA que ficou desaparecido, e que relação terá tido, tudo isto, com a estranha fuga de Rebelle da prisão. A Brigada Caimão, mesmo que privada de alguns elementos do passado, que, entretanto, pereceram, conta também com Whip, Nómada e Gaúcho.
A história conta com visitações a lugares de referência da série, que irão certamente agradar e emocionar os fãs mais antigos.
Em termos de ilustração, destaca-se uma arte bastante fiel à de Vance, tentando prestar um tributo à sua linha e grafismo, há uma diversidade interessante nos vários tipos de desenho praticados, desde a selva brasileira até aos lugares aparentemente mais cordiais.
Parece-me que o argumentista, Bollée, poderia ter sido mais bem-sucedido se tivesse dedicado mais tempo (e vinhetas) ao desenvolvimento mais detalhado e profundo das personagens. Por exemplo, o clima de problemas familiares que envolve Bruno ou a perda de Billy são assuntos muito pobremente abordados neste segundo volume.
Algo notável e de se destacar, é a rapidez da Gradiva em trazer estas obras ao mercado nacional, não ficando os leitores em standby durante muito tempo.
Em conclusão, devo reiterar que o segundo volume ficou um pouco aquém das minhas expetativas, tendo em conta que o primeiro tomo levantou de forma (mais) coesa o véu para as novas aventuras deste herói esquecido e há muito reclamado pelos fãs da série
Na terceira entrada desta série, vemos um cadáver de um jovem coberto de escamas de peixe que é encontrado num contentor de pesca, o Comando Cayman encarrega-se da investigação. Bruno Brasil e o Nômade seguem assim a trilha do corpo até Eskimo Point. Rapidamente percebem que os ursos polares estão longe de ser as criaturas mais hostis ao redor.
Entretanto, e tendo em conta que as quatro personagens estão em dois lugares diferentes, ao mesmo tempo, o leitor vai assistindo a duas ações paralelas. Por um lado, Morales e Whip fazem o trabalho de investigação, tentando obter informações sobre o passado e a família da vítima. O que faz com que andemos para trás na linha do tempo. Por outro lado, Bruno Brazil e Tony vêem-se forçados a partir para a ação assim que chegam a Eskimo Point e não obtêm particularmente a receção que esperavam. Esta ação bilateral proporciona um cliffhanger bastante cinematográfico que nos mantém presos ao desenvolvimento do enredo.
Os desenhos são agradáveis, tentando obter um equilíbrio entre uma série clássica de banda desenhada dos anos 70, mas, em simultâneo, procurando ter alguns apontamentos de modernidade. Por vezes as personagens e expressões faciais das mesmas parecem algo estáticas. Já o trabalho de cores, sendo totalmente digital, apresenta uma modernidade que se enquadra bem na série.
Relativamente ao trabalho de edição por parte da Gradiva, temos aquilo a que a editora nos tem habituado: capa dura brilhante, bom papel brilhante, boa encadernação e boa impressão.
Em suma, Terror Boreal em Eskimo Point, demonstra que os autores parecem estar a ambientar-se bem às personagens e eventos que compõem esta série incontornável de banda desenhada dos anos 70. Destina-se especialmente àqueles que cresceram com a série, mas são deixados novos espaços e novos fascínios para os fãs do século XXI.
Argumento: Laurent-Frédéric Bollée
Arte: Philippe Aymond
Cores: Didier Ray
Editor: Gradiva BD
Argumento: 7
Arte: 7
Legendagem: 6
Veredicto Final: 7
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*