Crítica BD – O Árabe do Futuro 5 (1992-1994)
Da série, mundialmente aclamada, de Riad Sattouf: O 5.º volume de O Árabe do Futuro. Ser Jovem no Médio-Oriente (1992-1994) chegou!
Tendo sido inicialmente projetada enquanto uma trilogia, a série foi sendo repensada pelo seu autor para um conjunto de 4, 5 e, finalmente, 6 volumes ao longo dos anos.
O Árabe do Futuro é uma história biográfica do autor franco-sírio Riad Sattouf e leva-nos à infância do autor, oferecendo-nos uma perspetiva única sobre as vivências e experiências de um rapaz que é filho de pai sírio e de mãe francesa. Esta diversificada ascendência levou Riad a ter um conjunto de interações marcantes, revelando bem como se pode tornar difícil – embora, por vezes, cómica – a vida de um jovem que convive com cenários de diferentes regras, costumes e padrões.
Por um lado, o seu pai tem uma mentalidade que não se coaduna com a forma de pensar francesa. Por outro lado, a sua mãe, não pode fugir ao facto de ter uma postura perante a vida e os valores da família muito mais ocidentais no seu íntimo – Esta dualidade leva Riad a questionar permanentemente as suas origens e onde é que afinal pertence.
Neste volume, o seu talento para o desenho já é uma constante, começa a explorar novas vertentes musicais e ao som desses ritmos descobre também um novo amor. Deposita as suas paixões na adolescente Anaick, com todos os dramas e dilemas que isso tem direito.
No plano familiar, as coisas não estão famosas. O pai deixou a casa, tendo levado o irmão mais novo de Riad, Fadi, consigo para a Síria. O divórcio entre os seus pais parece próximo.
Assim sendo, cabe a Riad procurar dar sentido à sua vida pessoal e social tão confusa e, tantas vezes, exigente demais para as experiências do jovem rapaz.
O leitor poderá contar com um retrato atual e sincero de tantos franceses imigrantes, histórias que nos fazem refletir sobre a questão cultural na afirmação de um indivíduo e do seu lugar na aldeia global.
As ilustrações e as suas cores nas pranchas variam de acordo com o lugar da ação – azul para a França, rosa para a Síria e Líbano, amarelo para a Líbia, verde-claro para Jersey ou vermelho para a ficção, o imaginário e os elementos violentos.
Não há dúvidas de que os desenhos de O Árabe do Futuro capturam muito bem a essência das experiências vividas pelo autor, enquanto misturam com humor, inteligência e momentos emocionantes para criar uma narrativa envolvente que analisa, de forma eficaz e profunda, temas como a dinâmica familiar, o impacto das ideologias políticas e a luta diária de quem procura o conforto e a liberdade.
A edição da Teorema, do grupo Leya, é em capa mole, com badanas, e apresenta bom papel baço e boa impressão e encadernação.
De origem franco-síria, Riad Sattouf nasceu em Paris em 1978. Passa a sua infância na Argélia, na Líbia e na Síria, onde recebe uma educação muçulmana. Regressa a França com 12 anos de idade, prosseguindo os seus estudos, primeiro em Cap Fréhel e mais tarde em Rennes, onde cursa a Escola de Belas-Artes.
É atualmente um autor de BD de grande sucesso. É igualmente um (re)conhecido cineasta, tendo realizado Les Beaux Gosses, galardoado com um César para o Melhor Primeiro Filme em 2010, e Jacky au Royaume des Filles, que estreou em França nos inícios de 2014.
Autor: Riad Sattouf
Ilustração: Riad Sattouf
Editora: Teorema
Argumento: 9
Arte: 9
Legendagem: 8
Veredito Final: 9
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*