Crítica BD – Nestor Burma – Vol. 4
Já está disponível “Nestor Burma 4 – Boulevard…Ossada” a série criada por Malet, agora nesta nova vida ilustrada por Nicolas Barral.
No final da Primavera, Nestor Burma e a sua secretária Hélène Chatelain recebem a visita de um negociante de diamantes que os põe no rasto de um enigmático chinês. Suspeitando não só de chantagem, mas também de um caso de tráfico de diamantes, Nestor Burma vê-se a braços com mortes e esqueletos… Portanto está a jogar em casa.
Nestor Burma, enfrenta novos perigos, sempre equipado com subtilezas e ironias próprias dos franceses, assume os seus casos em Paris na década de 1950. Ao seu lado está Hélène, a sua secretária, que não é menos adepta do sarcasmo e faz mais do que apenas a papelada.
O caso atual a resolver investiga uma loira morta no armário, joias do tesouro do czar, exilados russos, roupas íntimas femininas e chineses de Xangai.
Barral desenha a sua história densamente atmosférica em preto, branco e castanho e continua no estilo de Tardi. Como leitores, temos a sensação de percorrer os bairros de Paris de perto com Nestor Burma, e de assistir aos interrogatórios emocionantes, personagens bizarras, diálogos humorísticos profundos, lutas, tiroteios – As personagens e os lugares retratados são imersivos. O ritmo é o certo.
As figuras são bem ilustradas em termos de proporções e os artifícios estilísticos da banda desenhada foram muito bem encenados.
A adicionar ao excelente cardápio desta obra, temos a presença do humor inteligente e sardónico, que tanto soluciona os casos a desvendar, como motiva o enredo de cada volume.
Nestor Burma permanece forte, intacto na carreira ficcional e na real, mais uma vez, este livro é bem defendido, por uma estética e por um argumento capaz de continuar a surpreender.
Léo Malet, nasceu a 7 de Março de 1909 em Montpellier. Realizou vários trabalhos, experimentou a difícil arte de compositor antes de fundar um cabaré. Continuou a trabalhar em campos tão diversos quanto improváveis, apaixonou-se cada vez mais pelo surrealismo e conheceu André Breton.
A pedido de um amigo, escreveu o seu primeiro romance policial em 1941, criando a série Johnny Metal. Nestor Burma entrou em cena em 1943, e logo se tornou parte da famosa série Novos Mistérios de Paris. Léo Malet faleceu em 1996, deixando para a posteridade uma obra à parte, entre o surrealismo e o thriller.
Nicolas Barral, nasceu em 1966 em França. Após o bacharelato em Filosofia e Matemática, estuda artes plásticas durante um ano e ingressa na escola de Angoulême. Inicia a sua carreira profissional na revista OK Podium, onde é publicada banda desenhada da sua autoria. Em 1996, é publicado pela Delcourt o primeiro dos sete volumes da série Les Ailes de Plomb, com argumento de Christophe Gibelin.
Em 2005, novamente com Veys, inicia a série As Aventuras de Philip e Francis, uma sátira às Aventuras de Blake e Mortimer de E. P. Jacobs, que é editada pela Dargaud. Em 2007, com argumento de Tonino Benacquista, inicia a série Dieu n’a pas réponse à tout, cujo terceiro volume foi publicado pela Dargaud em 2021. Em 2013, escreve e desenha o seu primeiro álbum para a série Nestor Burma. Após este 8.º volume, produz ainda o 9.º (2015) e o 12.º volume (2019).
Autor: Léo Malet
Ilustração: Nicolas Barral
Género: Banda desenhada, Policial
Editora: Gradiva BD
Argumento: 8
Arte: 8
Legendagem: 7
Veredito final: 8
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*