Crítica BD: Nestor Burma – Vol. 3
“O Afrontoso Cadáver da Plaine Monceau”, é o terceiro volume da série Nestor Burma, a obra-prima do polar francês de Malet e Tardi, regressa com a editora Gradiva,. pelos autores Chandler, Hammett e Spillane.
O tempo e a ação desta nova entrada na série, localiza-se em Março de 1959, num dos belos bairros de Paris, onde Nestor tem um encontro marcado. Infelizmente para o detetive, mas felizmente para a intriga, quando Nestor Burma se apresenta na casa da sua futura cliente, descobre-a morta, assim como o seu marido.
Deste modo, o que aparenta tratar-se de um duplo suicídio, transforma-se num novo caso para resolver.
De facto, o público vem já bem habituado, que tudo deve ser passado a pente fino nas investigações de Nestor, sem lugar para dúvidas, incertezas ou pontas soltas pelo ar.
É isso que observamos no argumento desta obra, o enredo envolve-se e esconde-se com qualidade pela trama. Primando por diversas pistas e reviravoltas numa cronologia de acontecimentos escrita a rigor.
O humor permanece na BD, como sinónimo de inteligência e perspicácia face aos esquemas, e escândalos, em que o protagonista se vê envolto.
Entre malfeitores, vítimas e analistas, achamos uma ilustração de estilo caricatural, de cores escuras, em coerência com os mistérios e desconfianças que apoquentam cada ocorrência.
Mais uma vez, Nestor Burma desafia as odes e demonstra que não há nenhum crime impossível de desvendar, nem de cometer… Porque para o bem e para o mal, existirão sempre personagens.
Léo Malet, nasceu a 7 de Março de 1909 em Montpellier. Realizou vários trabalhos, experimentou a difícil arte de compositor antes de fundar um cabaré. Continuou a trabalhar em campos tão diversos quanto improváveis, apaixonou-se cada vez mais pelo surrealismo e conheceu André Breton. A pedido de um amigo, escreveu o seu primeiro romance policial em 1941, criando a série Johnny Metal. Nestor Burma entrou em cena em 1943, e logo se tornou parte da famosa série Novos Mistérios de Paris. Léo Malet faleceu em 1996, deixando para a posteridade uma obra à parte, entre o surrealismo e o thriller.
Emmanuel Moynot, nasceu em Paris em 1960. Depois de se destacar na fanzine PLG, depois na Viper, publicou o seu primeiro álbum, L’Enfer du Jour, na Glénat, em 1983. Em 1989 regista uma viragem na sua carreira com o álbum: La Pension des Deux Roses, em Magic-Strip. Começou, então, uma colaboração frutífera com Dieter, em Le Temps des Bombes, Qu’elle Crève la Carrogne!, e depois, nos dois volumes de Nord-Sud (Dargaud). Na Casterman, assina Happy Birthday Mum!, Enquanto Dormes, Meu Amor, e O Que Estás a Pensar?, antes de retomar em 2005 a série Nestor Burma que lhe foi confiada por Tardi. Em 2013, adaptou L’Homme Qui Assassinais Sa Vie, de Jean Vautrin.
Autor: Léo Malet
Ilustração: Emmanuel Moynot
Género: Banda desenhada, Policial
Editora: Gradiva BD
Argumento: 7
Arte: 7
Legendagem: 6
Veredito final: 7
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*