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Crítica BD – “Beirão” – O crime não dorme!

A Escorpião Azul apresenta a criação de Rafael Sales intitulada de “Beirão”. Depois da sua estreia com “Detective Raton” a editora voltou a apostar neste jovem autor. O livro foi divulgado em primeira mão no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

Rafael Sales é de Penalva do Castelo, desde pequeno que fazia personagens dos desenhos animados que mais apreciava. Estudou Artes Plásticas e Multimédia na Escola Superior de Viseu. Esta é a sua segunda obra publicada em álbum no mundo da BD.

“Beirão”, é um justiceiro, numa vila aparentemente pacata o crime está à mão de semear. Era suposto o mundo terminar em 2000, o mesmo não aconteceu, ainda assim surgiram mudanças, alterações no caráter das populações, o crime aumentou e renovou-se, de propósito, para o século XXI.

Na Vila de Castendo, no interior belo e soturno de Portugal, esta agitação foi sentida particularmente, assim conhecemos o nosso protagonista, filho da terra, vigilante do país.

Ao longo da BD, acompanhamos este herói misterioso, a sua história, o seu passado, o seu presente e a falta do seu futuro. É pelas suas vivências, aliás, que Beirão decide travar a batalha eterna entre o bem e o mal. Acreditando até ter sido predestinado para tal.

Cruzamo-nos, igualmente, com personagens, como: Quim Justiça – o chefe da polícia daquela zona, Piloto e Maçarico – cada um deles rufias, perturbadores da segurança pública…

“Beirão” não oferece redenção, oferece consciência, e essa é talvez a parte mais interessante desta obra. Ele não está ali para salvar ninguém, nem a si próprio se consegue salvar, é uma figura condenada, contudo é capaz de proteger, e de carregar consigo uma resiliência e determinação únicas.Beirão

A ideia geral desta narrativa é bem pensada, porém o argumento falha, demonstrando uma linguagem demasiado previsível e imatura para os valores transportados no livro. Os termos característicos portugueses utilizados são preciosos, mas falta brio às palavras, falta uma poética de estilo que não chega a aparecer.

Visualmente, a arte agradou-me mais, seja pelos figurinos, ajustados às origens portuguesas e costumes, seja pelos detalhes brutos dos cenários, a sujidade, a ruína, o desgaste do tempo na vila e nos seus habitantes, estes temas são retratados a preto e branco, proporcionando, a meu ver, uma partilha de sentimentos mais eficaz para o leitor.

O ponto de partida para “Beirão” pode ser um pouco o típico cliché do herói solitário, do lone wolf a que estamos habituados, ainda assim não deixa de ser uma leitura nova, não só pela sua localização e vicissitudes originais, mas acima de tudo pela mensagem subliminar que deixa – enquanto existir memória nunca estaremos sozinhos.

Autor: Rafael Sales
Ilustração: Rafael Sales
Género: Banda Desenhada
Editora: Escorpião Azul

Argumento: 4
Arte: 7
Legendagem: 4
Veredito final: 6

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