Análise: “Bug” de Miguel Ángel Martin – O hospedeiro!
A editora Escorpião Azul trouxe-nos a obra , “Bug”, Miguel Ángel Martin, com uma capa e contracapa exclusiva, única para esta edição.
O autor Miguel Ángel Martin, nasceu em 1960 em Espanha, mais concretamente em Léon, e é com prémios como: o Yellow Kid, de melhor autor estrangeiro (1999), o Grande Prémio Atillio Micheluzzi (2003) e ainda com louvores aos seus livros, como é o caso de Brian The Brain, considerado a melhor BD do ano 2007, pelo jornal italiano La Republica, que este artista sustém um lugar de renome internacional no mundo dos quadradinhos e ilustração.
“Bug” é uma espécie de cinema mudo dos bichos, sendo as imagens a sua forma de comunicação e de acompanhamento do percurso do nosso protagonista enquanto lida com todo o tipo de personagens, sejam elas micróbios, humanos, objetos, como fones de ouvido e até alimentos, como cereais.
Esta BD é uma gala de honra ou, se preferirmos, quase um panteão, onde as criaturas apresentadas são elementos de culto e veneração. É verdade que as explorações de Bug podem parecer pouco notáveis, no entanto, é pouco inteligente julgar pelo tamanho, ou pela estranheza dos cenários… Afinal, quem somos nós para opinar sobre uma vida de inseto?
Estamos demasiado ocupados para notar, ou sequer, conviver em harmonia com essas figurinhas minúsculas. Um dos aspetos fundamentais nesta criação de Miguel Ángel Martin, para mim, é a relativização e a descomplicação de tudo. O autor alcança, pela comparação de realidades e por cada capítulo na jornada desta coisa aparentemente inusitada e nojenta que é Bug, um estado niilista de desimportância e, simultaneamente, pela exposição desta corrente filosófica, subjuga e prende o leitor a estados de espírito que devaneiam e questionam: Se sou lar para uma colónia de bichos, que sou eu para a terra?
Sabemos que Miguel Ángel Martin é um ávido seguidor de documentários acerca da vida animal, e também entendemos que os fungos e as parasitas pertencem a este grupo. Aliás, são presenças assíduas em tudo, a reproduzirem-se e a esgueirarem-se para os quantos mais íntimos de cada ser.
Pode parecer uma história aflitiva esta. Não tenham dúvidas, é horrível, assombrosa… porém não é descabida, alguém tem que documentar os tempos sombrios, mais do que a imprensa, precisamos de fãs, de autores com manias e obsessões por matérias e materiais desconfortáveis… Felizmente Kafka não foi o único a desbravar terreno.
Cada ilustração é singular no que representa, os desenhos são delicados perante os assuntos mordazes e provocantes da trama, têm de ser, é um enredo a preto e branco, um espetáculo nos loucos anos 20 da bicharada. Charleston all the way!
Autor: Miguel Ángel Martin
Ilustração: Miguel Ángel Martin
Género: Banda Desenhada, Ação, Fantasia
Editora: Escorpião Azul
Argumento: 7
Arte: 8
Veredito final: 7
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*