Análise BD – “Universal War One” Vol. 1 a 6 – A diplomacia do futuro
Em Universal War One, o tema óbvio é o sistema solar, contudo a surpresa reside na divisão do mesmo por uma muralha negra no espaço.
O criador e ilustrador, Denis Bajram, estudou na Beaux-Arts, depois na Decorative Arts em Paris. Para a Ankama, ele co-escreveu com a sua esposa “Experiment Mort”, uma fábula sobre a vida após a morte. Atualmente mora em Bayeux, na Normandia, onde está a trabalhar na adaptação do “UW1” para o cinema.
É no núcleo de uma guerra fria que a história cresce durante seis volumes, o leitor conhece June, a líder de um bando de criminosos, famosos pela sua perícia e competência técnica e, por vezes, sanguinária – O Esquadrão Purgatório.
Depois de o grupo inventar um método para passar e investigar essa parede de bloqueio, vêem-se alvejados por uma nave de design desconhecido. O almirante von Richtburg ordena a sua 3º Frota contra os supostos intrusos, assim se desenrola um novo capítulo para a humanidade.
Entre desentendimentos exteriores e rusgas interiores, vamos descobrindo o íntimo de cada um, a construção das personagens é sólida – o tenente Mario, que alberga delitos cobardes de abandono das suas unidades, Balti, um autoproclamado herói que não segue planos, o que o torna terrivelmente imprevisível. Amina, nativa do Médio Oriente, cuja única aliança é consigo própria, com um passado de misoginia e violência, odeia homens e não confia em ninguém. Kalish é um génio arrogante, um engenheiro destituído pela sua raiva fácil e decisões problemáticas. É possível saber mais acerca destes e do restante enredo no início de cada volume da série.
Dentro deste pensamento, que circula por passados controversos e futuros infames, o autor brinca com a nossa conceção de destino e de Deus – as entradas bíblicas são uma constante, um contraste frente à ordem escassa refletida na obra.
O aspeto visual é atrativo, a gestão e a pressão emocional de cada retrato estão muito bem conseguidas, o cenário galáctico é apelativo, a destruição e a beleza estão estranhamente em sintonia.
O género da ficção científica é respeitado, bem tratado pela originalidade do argumento. Os ritmos são talvez a falha desta BD, este plot avança como que perseguido, elemento que faz sentido, já que de facto os operadores e os oprimidos estão em debate, contudo a cadência deveria ser mais alinhada, perdemo-nos facilmente entre exposições pouco justificadas e detalhes pouco preparados.
Denis Bajram, atira a audiência diretamente aos crocodilos espaciais, o que é divertido e imersivo até a um certo ponto, porém ao volume 4 ansiamos alguma estabilidade e menos territórios por reconhecer.
Para lá das premissas confusas, esta BD é uma excelente adição a um mundo que carece de uma certa quantidade de ficção científica de sucesso, que não seja de super-heróis claro, então acrescento que esse desejo é realizado aqui… E mais do que preencher vazios, “Universal War One” renova-os.
Autor: Denis Bajram
Ilustração: Denis Bajram
Género: Banda Desenhada, Sci-Fi, Thriller
Editora: VitaminaBD (do 1 ao 5) e Soleil (6)
Argumento: 7
Arte: 8
Legendagem: 8
Veredito final: 8
Esta obra foi cedida simpaticamente pela Mbooks – a maior armazenista de livros em saldo em Portugal.
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*